“Não tenho idade, tenho vida”, diz Ernesto Righetto, aos 80 anos completados hoje, e que é um exemplo de superação e de luta contra o etarismo no Brasil”

Ernestho Righetto completa 80 anos de vida hoje. Ele se declara feliz e realizado com a família que construiu ao lado de dona Arlete, de 78 anos, sua mulher há mais de 57 anos

Estima-se que o número de idosos, com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050 e 3,1 mil milhões em 2100. Atualmente, a Europa tem a maior percentagem da população com 60 anos ou mais (25%). Atrelado a isso há uma questão muito importante e que deve nos levar à reflexão: ao mesmo tempo que a população mundial envelhece faltam políticas de incentivo e oportunidades para os mais velhos no acirrado e globalizado mercado de trabalho. No Brasil, são 33 milhões de idosos  (15% do total da população). Destes, mais de 7 milhões acima dos 60 anos ainda trabalham ativamente apesar do crescente etarismo (preconceito e discriminação contra as pessoas por causa da idade), que se vê na sociedade. Hoje, 23 de junho, é um dia de festa para o administrador Ernesto Righetto, pois ele completa 80 anos e se orgulha por ter começado sua jornada precocemente: aos 13 anos de idade como office boy e nunca mais ter parado de trabalhar. São 67 anos ininterruptos dedicados ao trabalho.

“Não tenho idade! Tenho vida”. É com essa linda expressão que ele resume a felicidade por ter chegado aos 80 anos com saúde, lucidez e com muita disposição para as atividades. É diretor de uma empresa de design industrial em São Paulo, Capital. Cabe a ele, o lançamento de novos produtos no mercado, parte da gestão da empresa e contato com os clientes. Além disso, ele ainda se dedica à outra atividade que gosta muito: a de mentoria.  “A cada ano vivido aprendo a lidar melhor com a vida e a vivê-la com mais intensidade e mais paixão”.

E por falar em paixão, ele se encanta e se emociona ao contar sua história de amor com Arlete (78 anos), sua primeira e única mulher, e o amor de sua vida. São 57 anos de casados, dos quais, sete de namoro. Quando se conheceram, ele tinha 16 anos, e ela 14. Se apaixonaram e nunca mais se separaram. Dessa união nasceram dois filhos e a família cresceu com sete netos.  Como o filho está viajando, ele conta que, no domingo, pretende reunir toda a família para comemorar a data que é muito simbólica e importante para todos eles. “Só envelhecemos de fato, quando fechamos para a vida e para o novo. Quando ficamos radicais, impacientes e inflexíveis e quando nos conformamos com nosso comodismo e infelicidade”, resume.

Righetto acredita que talvez o segredo que explique tanta vitalidade está no fato dele sempre ter buscado aprendizado e nunca ter admitido deixar de aprender e a buscar evolução. “Acho isso fundamental. A pessoa tem que ir em busca das novidades, acompanhar a evolução das coisas. Eu sempre gostei de estudar. Fiz administração e me especializei em marketing. Fui profissional de recursos humanos, e sempre me interessei muito por psicologia. Prá mim, as pessoas são o mais importante. Eu sempre quis e busquei entender melhor o comportamento e as competências de cada um”, diz.

Righetto faz questão de trabalhar e de se manter atualizado às novidades e à modernidade, pois esse é o seu segredo para ter chegado aos 80 anos plenamente ativo e com muita energia e vitalidade. “Tenho sede de saber e de aprender “.

NOTA DA EDIÇÃO: O convite para Righetto participar desta entrevista nasceu por meio do meu projeto autoral “Diário de um imigrante”, no qual, conto minha saga por cinco diferentes países e foi isso que nos aproximou. Righeto conheceu meu trabalho e começou a acompanhar o diário.

Depois de algum tempo, ele me escreveu um e-mail que me levou às lágrimas. Sou extremamente sensível, e receber o feedback de uma pessoa com tantos anos de experiência, e descobrir que meus relatos o haviam despertado o dom de contar sua história de sua vida me encheu o coração de alegria. Eu poderia parar o projeto ali mesmo que já teria realizado minha missão: a de atingir ao menos o coração de uma pessoa, pois é para isso que escrevemos e criamos conteúdo. Reproduzo sua mensagem:  “Você é o responsável pela realização de um sonho de materializar minha viagem de vida. Gratidão, você deve saber que provocou uma nova abertura na minha vida”.

Ler esse e-mail me fez ver o quanto eu também devia estar orgulhoso por este trabalho, pois não é fácil você decidir abrir o livro secreto da vida, seu baú de recordações, e tocar em feridas que todavia não foram e nunca serão cicatrizadas. Mas, por outro lado, ter a consciência de que o seu relato pode ajudar outras pessoas, isso faz toda a diferença, e foi isso que me impulsionou e que me impulsiona a seguir contando minha trajetória de lutas, de superação e de amor à vida, seguindo a mesma toada de minha saudosa mãe que nunca desistiu de viver mesmo com todos os tombos que a vida lhe deu.

E foi assim que nasceu o meu primeiro livro: “Desejo de viver”, (mesmo nome deste blog), e que é o projeto mais importante da minha vida. Foi o último desejo de minha mãe: que eu escrevesse sua história para que ela ajudasse outras pessoas a nunca desistirem de viver. E saber que eu sigo sua missão, agora, com o meu blog me faz ter a certeza que ela está aqui do meu lado soprando no meu ouvido e dizendo: “continue, meu filho, pois esse é o caminho que te deixei”.

CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL NO BLOG

Para celebrar esse momento tão especial, pedi ao seu Ernesto que me escrevesse algo do coração para que eu publicasse no blog, e eis que ele me mandou muito mais do que eu esperava porque é uma mensagem curta e direta de amor à vida. São frases soltas que mais se parecem a um poema, escritas por um homem que transmite essa força de viver na sua rotina e que tem o dom da escrita na alma e no coração.  FELIZ ANIVERSÁRIO, ERNESTO E MUITAAAAA VIDA E LUZ AO SENHOR!

NÃO TENHO IDADE, TENHO VIDA

“A cada ano vivido aprendo a lidar melhor com a vida e a vivê-la com mais intensidade e mais paixão;

Aprendi a lidar com os outros… a defender-me dos ataques e conflitos, a não dar tanta importância para o que não merece minha atenção;

Aprendi que a opinião dos outros são apenas opinião dos outros e que isso e que isso não interfere na minha vida, se eu não permitir. A entender o significado do entendimento e o ressignificado do conhecimento;

Aprendi que algumas pessoas se aproximarão por querer me conhecer de verdade e outras nem tanto;

Aprendi a ser mais gentil, a estender a mão quando pedirem ajuda, a calar quando devo calar e a me afastar quando as energias simplesmente não combinam mais;

Aprendi que tolerância e a resiliência é a chave mestra dessa existência… e que ter a mente aberta e o coração agradecido diferencia os felizes dos infelizes;

Aprendi a ser meu melhor amigo e a ficar ao meu lado sempre. A dizer um “NÃO” com sabedoria;

Aprendi a evitar comparações, pois isso sempre vai provocar confrontos e dissabores;

Aprendi que não devo esperar muito dos outros, bem pelo contrário devo esperar pouco para ter agradável surpresa ao invés de decepção;

Aprendi a manter a calma, a me dar colo e pedir ajuda quando esse colo não for suficiente;

Aprendi a ouvir e confiar na minha intuição, é a voz suprema em mim;

Aprendi que não tenho nada, só tenho e terei a mim para a eternidade;

Aprendi que intenção e boa vontade são importantes, mas só será efetiva com ação e participação;

Só envelhecemos de fato, quando fechamos para a vida e para o novo. Quando ficamos radicais, impacientes e inflexíveis…. Quando nos conformamos com nosso comodismo e infelicidade;

Cada ano que passa aprendo a lidar melhor com minha existência;

Só envelhecemos de fato, quando fechamos para a vida e para o novo. Quando ficamos radicais, impacientes e inflexíveis…. Quando nos conformamos com nosso comodismo e infelicidade;

Cada ano que passa aprendo a lidar melhor com minha existência e quanto mais aprendo, mais ela me preenche e mais compreendo o mundo atual;

Aprendi que orientação, direcionamento e acompanhamento é fator importante para fortalecer o conhecimento aos outros e provocar reflexões, para evolução na vida. Ensine a pescar, não dê o peixe.;

Viva, saboreie e evolua na vida… NÃO TENHO IDADE, TENHO VIDA“. ( Por Ernesto Righetto)

ETARISMO NO BRASIL FOI TEMA ABORDADO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA EM BRASÍLIA

O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva discutiu o tema em audiência pública na Câmara dos Deputados, em maio deste ano. (Foto: Stéff Magalhães – Ascom/MDHC)

O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, fez uma explanação sobre o etarismo no Brasil no último dia 17 de maio, na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados. Entre as ações destacadas para enfrentar o problema, o integrante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) defendeu a importância de colocar em prática o que estabelece a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 2015. O documento promove os direitos das pessoas idosas e o enfrentamento ao preconceito e à discriminação.

Silva ressaltou que uma das áreas em que a discriminação etária pode ser observada é o mercado de trabalho. De acordo com ele, muitos profissionais mais experientes enfrentam dificuldades na busca por emprego devido à preferência dada aos candidatos mais jovens. “Eles [os mais experientes] podem ser vistos como menos adaptáveis às novas tecnologias e com menor capacidade de aprendizado, estereótipos que não refletem necessariamente a realidade. Essa discriminação muitas vezes resulta em exclusão profissional e dificuldades financeiras para os trabalhadores mais velhos”, afirmou.

Segundo o secretário, o preconceito etário também se manifesta nas interações sociais cotidianas. “Pessoas idosas podem ser alvo de atitudes preconceituosas e de estereótipos negativos em todos os ambientes que frequentam, o que afeta sua autoestima e bem-estar emocional. Essa forma de discriminação pode ocorrer tanto em espaços públicos como em âmbito familiar, perpetuando estigmas e dificultando a inclusão social dos idosos”, disse. “Embora a sociedade brasileira esteja cada vez mais consciente sobre a importância da igualdade e do respeito às diferenças, o preconceito relacionado à idade ainda persiste em diferentes setores da sociedade”, completou o secretário.

Além do secretário, outros especialistas e pesquisadores debateram ações para promover uma sociedade inclusiva e justa, que valoriza todas as fases da vida. Entre eles, a consultora nacional para o Tema Envelhecimento Saudável da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), Maria Cristina Hoffmann; a antropóloga e pesquisadora Mirian Goldenberg; a assistente social e pesquisadora Dulce Silva; e a estudante de Biomedicina Patrícia Linhares, de 44 anos, que sofreu preconceito de colegas de faculdade em Bauru, São Paulo, por conta da idade, em março deste ano.

Fonte: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Jornalista, roteirista, escritor e ator brasileiro com mais de 20 anos de experiência em comunicação.Vivo atualmente em Barcelona onde trabalho como correspondente internacional, mas já morei em outros países, como Portugal, Irlanda, EUA e Itália onde sempre estive envolvido com projetos na área de comunicação- minha grande paixão-.Como roteirista, destaco a coautoria na sinopse e no 1 capítulo da novela "O Sétimo Guardião" (TV Globo/2019), o documentário "Quem somos nós?", sobre exclusão social, e o curta-metragem "As cartas de Sofia".Como repórter, trabalhei em grandes grupos de comunicação no Brasil, como RBS, RAC e RIC. Ganhei o prêmio Yara de Comunicação (categoria impresso) em 2013 com uma reportagem sobre as diferentes famílias e histórias de vida às margens do rio Piracicaba (SP). Fui finalista do prêmio Unimed de Jornalismo/SC com uma reportagem sobre gravidez precoce.

One Comment

  • Fabio Righetto

    Pai, o senhor não sabe o orgulho que tenho de ter você como minha referência de ética, resiliência e força de mudança.
    Te amo, pai. E desejo poder aproveitar muito seus próximos 80 anos de Vida.
    Domingo estaremos juntos para eu te dar um beijo e um grande abraço!
    Parabéns, Tchê!!!!!

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