Diário de um imigrante – Cap 19

Minha alma cigana me levava de novo a desbravar uma outra cultura, desta vez, nos EUA. Era o 3 país que eu ia morar depois de Portugal e Irlanda

Depois de um ano fora de casa, e a experiência acumulada em dois países completamente diferentes: Irlanda e Portugal, era hora de voltar para o Brasil. Mas meu coração estava apertado. Eu havia me acostumado com a vida no exterior, e mesmo com todos os perrengues, crises, desemprego e problemas de convivência com flatmates, eu era feliz na Europa. Algo dentro de mim dizia que eu não me acostumaria com esse regresso. E minha intuição estava certa: desenvolvi a “síndrome do retorno”, que acomete pessoas que retornam ao seu país de origem e não conseguem mais se adaptar à rotina antiga.  É como uma negação ao passado, e que leva, muitas vezes, à depressão.

Claro que eu estava feliz em rever minha família, meus amigos, entregar os presentes, mas eu estaria muito mais radiante e realizado se aquela fosse uma viagem só para matar saudades, pois minha vida não estava mais ali. Eu não me sentia mais naquele lugar. E fugia daquela realidade e sabia que não me acostumaria nunca mais a viver ali. Em contrapartida ao meu estado emocional, Fernando estava eufórico. Parecia que o brilho dos seus olhos havia retornado; enquanto que o meu, tinha se apagado. Eram sentimentos totalmente opostos. Ele estava feliz por ter retornado e eu estava infeliz porque não queria viver no Brasil. É fácil explicar: eu nunca gostei de rotina, assim como minha mãe, e talvez isso explique minha “alma cigana”. E se fosse fazer uma analogia com alguma novela, sem dúvida, seria com a “História de Ana Raio e Zé Trovão”, na extinta TV Manchete. Eu amava aquela trama porque as personagens principais iam trocando de cidades, estados e apareciam novas personagens e histórias, e isso não a fazia cair numa rotina. Era isso o que eu gostava e queria para mim: trabalhar em algo que me permitisse viajar, conhecer novos lugares e culturas, mas ao mesmo tempo trabalhar fazendo o que eu mais amava: escrevendo. Está certo que tanto na Irlanda quanto em Portugal, eu não havia feito nada disso, mas só de estar em um país estrangeiro onde eu estava mais suscetível a viver coisas novas e inesperadas para mim já bastava.

Protagonistas de Ana Raio e Zé Trovão, os atores Ingra Lyberato e Almir Satter embarcaram numa viagem pelo Brasil para contar a história da novela

                                      

SALTO NO TEMPO

Como o propósito da série é falar sobre a minha vida de imigrante e não a trajetória no Brasil, eu apenas quis contextualizar esse retorno para que meu leitor entendesse as razões que me levaram a querer desbravar o mundo de novo. Na verdade, do final de 2009, data em que voltei de Portugal, até dezembro de 2013, mês em que decidi mudar toda minha trajetória de novo, eu ainda não havia me acostumado a viver no Brasil, e isso dura até hoje, rs. Vivo atualmente na Espanha, e se precisar retornar ao Brasil não sei como seria, pois já não me vejo mais ali. É estranho dizer, mas me sinto como um “estranho no ninho” (sim, há um filme com esse nome também). Mas quando me vejo no Brasil de novo é como se repetisse a cena final de “Náufrago”,  quando a personagem de Tom Hanks retorna à casa após anos de total isolamento numa ilha deserta e já não faz mais parte daquele lugar, inclusive, sua mulher está casada com outro, e ele se vê numa encruzilhada com quatro opções distintas de caminho a ser seguidos.   

Cena final de Náufrago onde personagem de Tom Hanks tem a opção de decidir seu novo caminho
Momento decisivo onde a personagem de Tom se sente perdido no tempo e no espaço

Apesar de ter tido ótimos trabalhos como jornalista no Brasil- sempre amei minha profissão-, nada me preenchia nesta volta à casa.  Eu sentia muita saudade da Europa. Só consegui aquietar um pouco meu coração quando entrei para a redação de um jornal diário num dos maiores grupos de comunicação de São Paulo: RAC (Rede Anhanguera de Comunicação). Finalmente, podia dizer que o trabalho me completava, pois eu fazia o que mais amava que era contar histórias diferentes a cada dia, e trabalhando em um jornal diário, no mínimo, eram três pautas diárias completamente diferentes uma das outras. No mesmo dia eu podia cobrir um desfile de moda, uma enchente na cidade ou um assassinato. Essa coisa factual da notícia me deixava em êxtase. As matérias de domingo eram especiais e eu as preparava durante a semana. Eram sempre pautas especiais e tive a oportunidade graças aos meus editores Angela  e Joacyr, de fazer tudo o que meu instinto jornalístico pedia, principalmente pautas sociais, como a luta dos ostomizados (consegui banheiros públicos especiais para eles na cidade graças às minhas reportagens), gravidez precoce, câncer infantil, racismo, LGBTfobia, entrevistei autores de TV, atrizes, e “desvendei” os segredos de Raquel Pacheco, a “Bruna Surfistinha”, filme brilhantemente protagonizado por Deborah Secco. Recebi diferentes honrarias e homenagens pelo meu trabalho em prol das causas sociais e um prêmio nacional de jornalismo.

Teoricamente eu deveria estar feliz pelas conquistas, mas algo ainda me dizia que tudo aquilo era temporário, e que já chegava a minha hora de botar a mochila nas costas e voltar à minha vida cigana. E, desta vez, o destino deu uma grande MÃO para que esse sonho se realizasse.

Naquele final de 2013, eu fui eleito o ganhador do prêmio Yara de Comunicação (categoria impresso), graças à uma reportagem especial sobre a vida das pessoas que viviam por diferentes razões à beira do rio Piracicaba, um dos mais importantes do país. Para chegar até os meus personagens, fiz o percurso de carro, de barco e a pé. Foram quase cinco dias seguidos de apuração. Eu queria muitoo ganhar aquele prêmio de R$ 5 mil porque eu já tinha planos para ele: pagaria um novo intercâmbio, desta vez, para os EUA- país que eu havia conhecido em 2010 numa viagem relâmpago para a casa da minha amiga de faculdade, Claudineia Cardinalli, uma de minhas melhores amigas até hoje, como minha irmã adotiva de coração, afinal são mais de 20 anos de amizade.   “Reflexos de vida no rio Piracicaba. Histórias cruzadas no véu da noiva”.

Bastidores da reportagem que me deu o 1 prêmio de jornalismo da minha carreira

Desta vez, eu tinha planos de realmente fazer uma imersão no idioma (em Dublin não aprendi nada porque a didática da escola não era boa e só convivia com brasileiros). Será mesmo que um novo intercâmbio me ajudaria destravar o bendito do inglês de uma vez por todas? Só o tempo diria…

Para aquele concurso de jornalismo botei literalmente minha alma na reportagem, e “briguei” muito prá conseguir quatro páginas seguidas do jornal- algo inédito até então, mas quando eu entreguei o texto para a minha editora eu sabia que ela tinha em mãos o melhor de mim ali. Eu realmente estava orgulhoso, feliz e emocionado por aquilo que havia produzido. Dei o título de “Histórias cruzadas no veu ….. Dois meses depois foi a festa de premiação. Eu nunca tinha estado tão nervoso na minha vida. Sabia que tinha chances reais de ganhar, mas não gostava de cantar vitória antes do tempo em respeito às minhas outras colegas jornalistas que estavam em disputa e que também eram excelentes profissionais.

Quando ouvi o meu nome anunciado pela apresentadora Adriana Colim (que trabalhava com o Faustão na TV Globo), de que eu havia sido o ganhador fiquei totalmente bloqueado, em choque mesmo. Eu tremia ao subir no palco. Era muita emoção. Não há coisa melhor na vida do que ver o valor do nosso trabalho ser reconhecido e aquele prêmio significava muito prá mim. Era a prova real de que acontecesse o que acontecesse em minha vida ali por diante eu nunca deveria deixar o meu lado jornalístico de lado, minha alma de repórter, pois isso estava no meu sangue e me alimentava.  

Um mês depois, em janeiro de 2014, eu estava embarcando para Nova Iorque. Tinha pedido demissão do jornal, me matriculado numa universidade americana e iria recomeçar minha vida nos EUA. A intenção era cumprir os três meses de curso e tentar algum trabalho que me permitisse ir ficando no país (mesmo que fosse ilegal até conseguir algum visto de trabalho ou de estudo).

Havia combinado também com Fernando que ele me visitaria no último mês do meu curso, e se gostasse do país depois voltaria para ficar. Eu sabia que ele se encantaria por Nova Iorque porque para quem gosta de movimento, de novidades, de energia, de lojas, ali era o lugar ideal, sem contar as cores, o brilho e o charme que a tornam uma cidade única no mundo.  

Mas, antes de viajar, claro, que eu tinha que me despedir do Brasil com uma festa com minha família e meus amigos, toda organizada por minha amada mãe, e óbvio que não teria tema melhor e mais adequado: uma festa cigana com a obrigatoriedade que todos estivessem usando trajes ciganos.

Foi inesquecível. Decoramos tudo para que fosse uma noite mágica, e realmente foi. Minha mãe, como sempre, era a mais animada para festas, e ela se encarregou de todos os detalhes. A única parte ruim de viajar de novo e viver em outro país era deixá-los, mas ela sabia que isso me fazia feliz. E as mães conhecem o nosso coração. Como ela não podia viajar e tinha interrompido muitos dos seus sonhos por causa do acidente (voltarei a falar sobre isso), era em mim que ela depositava os seus sonhos. Eu era a prolongação da dona Eliete (nome de minha mãe). Ela era o Peter Pan de saias e eu o Peter Pan, um homem já, mas com alma de menino.

Fotos da minha festa cigana de despedida. Na foto do meio, meus pais, minha irmã e sobrinha. Abaixo, amigos e primos

MINHA CHEGADA EM NOVA IORQUE FOI NUMA TEMPESTADE DE NEVE

Claudineia havia se encarregado de tudo para mim: a matrícula na universidade e o lugar onde eu iria ficar. Sua família morava em Mount Vernon, uma cidade localizada no Condado de Westchester no estado de Nova Iorque. O lugar tinha uma curiosidade maravilhosa que a unia ao Brasil: uma das fontes principais da cidade havia sido projetada depois de uma visita do prefeito da época a Poços de Caldas, em Minas Gerais. Isso se deu pela presença maciça de mineiros na cidade, incluindo os pais de Claudineia que haviam chegado no final da década de 86 em busca do “sonho americano”.

Na minha ânsia de querer provar o novo mais uma vez acabei atropelando as coisas e depois de um tempo vi que eu havia escolhido, de novo, a época errada para viajar. Janeiro, fevereiro e março são meses de muitoooo frio em Nova Iorque, e justo naquele ano nevava há dias sem parar. A cidade estava toda coberta de neve. Era difícil até mesmo caminhar nas ruas.

Nos meus primeiros dias cai várias vezes porque conforme a neve ia derretendo ao longo do dia, as calçadas ficavam mais lisas. Eu havia alugado um quarto na casa da sobrinha de Claudineia, Nayrianne. Ela era casada com Giovanni, e a convivência com eles foi uma das melhores coisas desta viagem. (melhores flatmates que tive a oportunidade de ter em minha trajetória de imigrante).  

O ponto ruim foi justamente a escolha da data. Quando nevava, a orientação das autoridades era para que só saíssemos de casa em casos de extrema necessidade. Somente os serviços essenciais ficavam abertos. Com isso, minhas aulas frequentemente eram suspensas e não havia reposição. Outra coisa que me desanimava profundamente era caminhar nas ruas com neve. Brincar de boneco de neve é uma coisa, mas quando você tem que conduzir, ou caminhar nas ruas daí sim que você vê o quanto a neve atrapalha. Os riscos de sofrer um acidente são muito grandes.

Eu morria de medo de cair e quebrar um braço ou perna, e isso seria horrível porque eu tinha que cozinhar, lavar roupa, ir à escola, e nos EUA o ritmo de vida é frenético. As pessoas trabalham muito e quando chegam em casa só querem tomar banho, jantar e dormir, e a neve e o frio deixavam os dias mais tristes e sombrios. Às 2 da tarde já parecia noite. Isso de segunda a segunda.  

  

                            

Imagem da minha casa. Eu morava no 2 andar (quarto à direita)

O frio era tanto que eu precisava dar saltos na rua para tentar não congelar enquanto o ônibus não chegava

MINHA ESCOLA AMERICANA

Ao contrário de Dublin, eu ia estudar numa universidade americana bastante conhecida no Estado de Nova Iorque: a Vanhala University… Só que da minha casa até a universidade era mais de uma hora de ônibus coletivo. Ficar no ponto esperando a chegada dele era horrível porque ventava muito e o frio parecia que congelava o corpo. Minhas mãos eram as que mais sofriam. Eu odiava usar luvas grossas porque elas me incomodavam, mas se as tirava minhas mãos literalmente congelavam.

Para chegar até o ponto eu tinha que andar cerca de 15 minutos- isso se fosse um dia normal sem neve-, mas com as ruas cobertas eu tinha que sair muito antes de casa porque ia caminhando como uma tartaruga para não cair. E isso também me obrigava a acordar muito mais cedo: às 6h da manhã. Levantar da cama com aquele frio e olhar o tempo da janela era desanimador. Dava vontade de voltar para cama. Isso porque eu sempre fui apaixonado por neve!

A universidade era maravilhosa, linda, muito grande e fiquei surpreso com meus colegas de turma. Éramos em 15, e a grande maioria deles, adolescentes em torno de 16, 17 anos, além de uma brasileira, que já se defendiam bem em inglês. (a brasileira nunca quis se aproximar de mim ou ser minha amiga e para falar bem a verdade nem me recordo do nome dela porque pessoas assim eu quero distantes de mim).

De início, a adaptação foi bastante complicada porque diferentemente de Dublin não havia brasileiros., exceto essa pessoa citada acima. Então, eu tinha que me defender como podia. Haviam duas professoras diferentes: uma que dava aula três vezes por semana: e outra, duas vezes. Patrícia era a minha professora titular. Simpática, mas muitoooo rígida. Extremamente pontual e não deixava ter conversas paralelas ou risadas na classe. Eram três horas seguidas de completa imersão. Minha cabeça até fundia de escutar tanto inglês. Tinha horas que eu ria de mim mesmo, pois me perguntava intimamente se eu estava entendendo o que eles falavam. Muitas vezes não, mas acho que aquelas aulas foram me dando uma base boa que carrego até hoje. Poderia ter sido melhor se eu tivesse tido mais classes.

Mas, como as aventuras em Nova Iorque estão apenas começando deixarei para contar mais coisas nos próximos episódios, como novos episódios de bullying e de discriminação que passei ali, e de como um Diário Virtual, como esse que escrevo atualmente mudou minha concepção e me deu o despertar para minha 1 série internacional de jornalismo: o “sonho americano”.   

Universidade onde fui fazer meu 2 intercâmbio

                      CURIOSIDADES SOBRE NOVA IORQUE

Segundo o Itamaraty, 1 milhão e 800 mil imigrantes – incluindo legais e indocumentados –, vivem nos EUA. Estima-se que, em 2023, este número chegue a dois milhões.  A região de Nova York aparece em primeiro lugar (450 mil), seguido de Miami (410 mil) e Boston (360 mil).

Nova Iorque, sem dúvida, é uma cidade que você precisa visitar ao menos uma vez na vida. É difícil explicar o clima e a magia daquele lugar. No total, eu estive em três ocasiões diferentes, e cada vez me apaixono mais. A última vez, foi em dezembro do ano passado, e tive a oportunidade de realizar um sonho antigo: estar na cidade durante o Natal. Era como me transportar literalmente para os filmes clássicos do passado, principalmente “Esqueceram de Mim em Nova Iorque” (voltarei a falar sobre isso nos próximos posts).

Em 2022, Nova Iorque teve 56,4 milhões de visitantes, um aumento de 71,4% em relação ao ano anterior. Desse total, 8,9 milhões foram de turistas estrangeiros, entre os quais os brasileiros ocuparam a quarta posição, chegando a 520 mil pessoas.

E Nova Iorque colecionou ao longo do tempo, muitas personalidades brasileiras famosas que estiveram na cidade por razões diferentes. De Dom Pedro II à nossa atriz mais famosa no exterior: Sonia Braga, passando por Tom Jobim, Juscelino Kubitschek, dentre outros.

Dom Pedro II

Durante o Império, Dom Pedro II visitou Nova York, instalando-se no Fifth Avenue Hotel, na Broadway, onde logo na primeira noite foi assistir a uma peça de Shakespeare. Impressionado com diversos aspectos da civilização americana, visitou o jornal New York Herald, inclusive suas oficinas de impressão, depois o reservatório de água da cidade, interessando-se por seu funcionamento, a polícia, escolas e até o corpo de bombeiros.

Carmen Miranda

Foi em Nova York que a cantora Carmen Miranda (nascida em Portugal, mas marca registrada da música brasileira de sua época) desembarcou em 17 de maio de 1939, rumo a um enorme sucesso. Um mês depois, estreou na Broadway, durante a Feira Mundial de Nova York. Em seguida, gravou músicas e filmou “Serenata Tropical”, em Manhattan, em fevereiro de 1940. Durante esse tempo, também fez shows e chegou a se apresentar no banquete comemorativo dos sete anos da ascensão do Presidente Roosevelt à presidência dos Estados Unidos. Depois disso, ainda estrelou muitos outros filmes na terra do Tio Sam.

Heitor Villa-Lobos

Compositor brasileiro agraciado em 1943 com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova York, homenageou a cidade com sua Sinfonia n° 2, New York Skyline Melody. Foi em Bear Mountain, perto de Nova York, que, em 1959, Villa-Lobos regeu uma orquestra por uma das últimas vezes na vida.

Oscar Niemeyer

Outro brasileiro mundialmente conhecido que viveu em Nova York foi o arquiteto Oscar Niemeyer, convidado pela ONU em 1947 para participar da Comissão de Arquitetos, dirigida por Wallace Harrison, que planejou os edifícios da sede das Nações Unidas.

Cândido Portinari

Os painéis Guerra e Paz que você verá no hall de entrada do prédio principal da ONU, presente do governo brasileiro para a sede da organização, são obras de mais um brasileiro, já renomado em Manhattan na época da inauguração do edifício: Cândido Portinari. São também de sua autoria os três grandes painéis que decoraram o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York de 1939. Nesse mesmo ano, o MoMA adquiriu a tela “O Morro”, pintada pelo artista. No ano seguinte, telas de Portinari foram exibidas, com total sucesso de público e crítica, na mostra de arte latino-americana do Riverside Museum de Nova York e em exposição no MoMA. Como se não bastasse, o artista foi considerado o melhor pintor do ano de 1955 pelo Internacional Fine-Arts Council de Nova York, que o agraciou com a medalha de ouro. Em 1957, Portinari recebeu a Menção Honrosa no Concurso Internacional de Aquarelas do Hallmark Art Award, em Manhattan.

Painel de Portinari na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque

Juscelino Kubitschek

O ex-presidente do Brasil viveu na cidade entre 1956 e 1961. Cassado sob pretextos absolutamente nebulosos pelos milicos da ditadura brasileira, teve que se asilar nos Estados Unidos (e posteriormente em Paris).

Tom Jobim

Na mesma época, começou a circular em Manhattan Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, um gênio de nossa música, que foi ao mesmo tempo compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista: o insuperável Tom Jobim.
Tom foi um dos artistas que se apresentaram no Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall em Nova York em 1962. Suas apresentações na Big Apple logo atraíram grandes nomes da música norte-americana como Quincy Jones, Stan Getz e Dave Brubeck, influenciados pelo “brazilian jazz”, e resultaram no encontro de Tom com Frank Sinatra. Sem perder seus vínculos com o Brasil, Tom adotou Manhattan como residência. O compositor morreu em Nova York em 8 de dezembro de 1994.

A Bossa Nova

Além de Tom, fizeram sucesso na memorável noite do Carnegie Hall Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Carlinhos Lyra, Luiz Bonfá, Roberto Menescal, Agostinho dos Santos e João Gilberto. Foi esse o grande momento histórico que abriu a Bossa Nova para o mundo e tornou a nossa música reconhecida em todo o planeta. Gravado originalmente em LP, o CD do concerto Bossa Nova at Carnegie Hall pode ser um bom presente para os amigos. O lendário show de 21 de novembro de 1962 foi o último que reuniu todo o grupo. Depois disso, cada um, com novos contratos e produções em andamento, foi para seu canto. A Bossa Nova, que caiu no agrado dos norte-americanos, é hoje comum nas casas noturnas nova-iorquinas. Aproveitando o embalo, Sérgio Mendes, que foi parceiro de Tom Jobim e morava nos Estados Unidos desde a década de 1960, lançou seu grupo Sérgio Mendes & Brasil 66. Alcançou especial sucesso a versão bossa nova da canção “Mas que nada”, de Jorge Ben. Também já se apresentaram (e moram ou moraram) em Nova York cantores do quilate de Caetano Veloso, Gal Costa e, mais recentemente, Maria Rita e Marisa Monte.

Os refugiados da ditadura

Durante a ditadura militar, enquanto a maioria dos refugiados brasileiros se instalava em Paris e em outras cidades europeias, foi em Nova York que o polêmico jornalista Paulo Francis, colaborador de O Pasquim, um jornal humorístico constantemente ameaçado e censurado, encontrou um clima mais ameno para prosseguir seu trabalho. Francis viveu por lá muitos anos; foi correspondente da Folha de São Paulo e participante do programa Manhattan Connection. Faleceu em Nova York em 1997.

Sônia Braga e Bruno Barreto

Na área do cinema, temos Sônia Braga, que se fixou em Nova York, onde morou durante quase vinte anos e atuou em duas dezenas de filmes e muitas produções para TV (entre elas Sex and the City e Alias). Bruno Barreto, que, aliás, lançou Sônia Braga com o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, um dos melhores diretores de cinema brasileiros, é outro nome cuja vida é entremeada de idas e vindas a Nova York.

Sônia Braga em cerimônia de cinema em NY (Foto: John Lamparski/Getty Images for Film at Lincoln Center)

Érico Veríssimo

O escritor Luiz Fernando Veríssimo, que morou em Washington quando seu pai, o igualmente escritor Érico Veríssimo, ocupava o cargo de diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, apaixonado por jazz, sempre passava uns tempos na Big Apple, onde estudou saxofone. Já adulto, viveu com sua família em Nova York entre agosto de 1980 e fevereiro de 1981, quando lançou Sexo na cabeça. Anos mais tarde, publicou Traçando New York, o primeiro de seus livros sobre viagens. Veríssimo estava em Nova York na manhã de 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os atentados contra o World Trade Center.

Lucas Mendes Campos

O jornalista Lucas Mendes Campos, mineiro de Belo Horizonte, foi correspondente das revistas da Editora Bloch em Nova York desde 1969. Em 1975, mudou para a Rede Globo e assumiu a chefia do escritório do grupo de 1985 a 1990, quando se tornou correspondente da Rede Record, função que exerceu até 1992. Ele é também foi criador, apresentador e editor do programa Manhattan Connection para o GNT, que contou com nomes de peso como Paulo Francis, Arnaldo Jabor, Caio Blinder, Ricardo Amorim e Diogo Mainardi.

Fonte: https://manualdoturista.com.br/

Jornalista, roteirista, escritor e ator brasileiro com mais de 20 anos de experiência em comunicação.Vivo atualmente em Barcelona onde trabalho como correspondente internacional, mas já morei em outros países, como Portugal, Irlanda, EUA e Itália onde sempre estive envolvido com projetos na área de comunicação- minha grande paixão-.Como roteirista, destaco a coautoria na sinopse e no 1 capítulo da novela "O Sétimo Guardião" (TV Globo/2019), o documentário "Quem somos nós?", sobre exclusão social, e o curta-metragem "As cartas de Sofia".Como repórter, trabalhei em grandes grupos de comunicação no Brasil, como RBS, RAC e RIC. Ganhei o prêmio Yara de Comunicação (categoria impresso) em 2013 com uma reportagem sobre as diferentes famílias e histórias de vida às margens do rio Piracicaba (SP). Fui finalista do prêmio Unimed de Jornalismo/SC com uma reportagem sobre gravidez precoce.

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