ENTREVISTA ESPECIAL: De peito aberto para o mundo e para a vida: a trajetória de uma brasileira poliglota que viveu em 6 países e que se diz pronta para novas aventuras.

Quando pequena, seu sonho era ser uma estrela da Disney. Sonhava em ser atriz, cantora e dançarina. O tempo passou e os sonhos foram reescritos. Não virou uma artista internacional, mas nem por isso deixou de espalhar sua marca em diferentes países por onde passou. Aos 30 anos, faz da parte da geração Y ou milenar- como são conhecidos os nativos digitais desse período (nascidos entre 1982 e 1994). Apesar da pouca idade, Marienne Cacho Pires, a Mari, como é mais conhecida, tem um currículo invejável no bom sentido. Viveu em seis diferentes países, e integra o grupo de pessoas que sonha em trabalhar de qualquer lugar do mundo. Em seu caso, o home office não é apenas uma herança pós-pandemia, mas uma realidade que sonha em viver. Segundo levantamento do YouGov Surveys com profissionais de 17 mercados internacionais em outubro de 2023, 24,6% prefeririam trabalhar em casa, 51% em um esquema híbrido e 20,3% no escritório. “Estou totalmente aberta às oportunidades que o mundo pode me proporcionar, e o mais interessante é que o meu trabalho pode ser realizado de qualquer lugar”, revela Mari.
A Inteligência Artificial (IA) é uma das grandes novidades do mundo moderno e tem avançado cada vez mais em todos os setores tornando-se um dos principais assuntos do momento. Foi pensando nesta questão e na experiência internacional que herdou apesar de tão jovem que a reportagem do blog “Desejo de Viver” (www.desejodeviver.com.br) convidou Mari para um bate papo com o intuito de ajudar outras pessoas que sonham em viver no exterior e não sabem por onde começar. Sua entrevista vai de encontro ao meu projeto pessoal “Diário de um imigrante”, série especial que conta as minhas aventuras e desventuras por diferentes países. Nesta entrevista especial, Mari falou dentre outras coisas, sobre o seu desejo de voltar a viver no exterior, sobre a importância de estudar idiomas, dentre outras coisas.
BLOG: Apesar de ser uma realidade no mundo moderno o grande público ainda desconhece a IA. Você acredita que mesmo assim ela invadirá todas as áreas e chegará a todas as camadas da população?
MARI: Eu acredito que a gente vai ver uma evolução progressiva do uso da IA nas nossas vidas. O Brasil não é um país tão desenvolvido tecnologicamente ao nível de sociedade quanto a gente gostaria que fosse. Alguns modelos de celular, por exemplo, nem chegam aqui. Eu vou dar um exemplo bem claro. A Alexa começou a ficar popular aqui mais ou menos em 2020. Quando eu saí da Inglaterra em 2018, ela já era super popular. Todos tinham uma em casa, seja pra acender a luz ou ajustar a temperatura. E aqui não é tão popular ainda também por questão financeira. Infelizmente, nós vivemos em um país bem desigual e com um salário mínimo defasado.
A IA é um tema muito debatido por quem está na bolha da tecnologia e até mesmo na bolha do marketing que é uma das áreas que mais está sendo afetada, mas em outras ela ainda não está tendo tanto impacto. Eu acredito que a gente vai ter nos próximos cinco anos uma mudança muito rápida de tudo que está acontecendo. É só você parar para olhar o chat GPT. A OpenAI lançou a ferramenta há mais ou menos um ano e meio e olha quanta coisa a gente já não viu de avanço no mundo da IA, não só de escrita, mas de geração de imagem e vídeo. Penso que o chat GPT está para IA assim como iPhone está para os smartphones. Antes do iPhone todos os celulares tinham teclado; depois, eles passaram a ser touchscreen. É um caminho sem volta, mas também creio que não vai ser uma coisa que vai demorar 50 anos, mas também não vai ser naquela velocidade louca que muitos estão propagando por aí.

BLOG: Como você vê a aplicação da IA no campo de serviços?
MARI: Eu acredito que grande parte dos trabalhos vão ser feitos por IA. Tomo como exemplo a agricultura. O nosso país é um produtor muito forte de grãos e aqui já tem algumas fazendas que utilizam IA para automatizar a irrigação, o plantio e a colheita. Nos EUA grande parte das fazendas grandes já fazem isso. Eu acredito que grande parte dos trabalhos vão ser feitos por IA.
BLOG: Você a vê como uma ameaça para algumas profissões ou dá para usá-la em benefício próprio se souber aproveitar suas potencialidades?
MARI: Sobre ela ser uma ameaça, eu acredito que as pessoas não serão substituídas por IA, mas sim por pessoas que sabem utilizá-la. Para colher grãos você precisa de várias pessoas fazendo isso manualmente caso você não tenha uma colheitadeira. Se você tiver uma precisará de uma pessoa para manuseá-la. Com a IA alguns trabalhos vão ficar obsoletos e serviços que precisavam de muitos funcionários, em breve, precisarão de poucos graças ao uso da IA que economizará tempo e custos. A melhor maneira de lidar com ela não é tendo medo, mas sabendo trabalhar. Ela não pode ser terra de ninguém. Precisamos ter um órgão regulamentador de como lidar com a IA. Do mesmo jeito que a gente precisa de leis para conviver em sociedade, precisamos de leis para regulamentar, pois não dá só para deixar as pessoas fazerem o que elas quiserem.
BLOG: Se por um lado, a IA é uma realidade, muitos setores têm trazido coisas antigas de volta, como o vinil. Já existe projeto para retomada das vIdeolocadoras e de produtos que as novas gerações não conhecem e nem nunca ouviram falar. Como você vê essa luta entre o novo e o velho no mercado?
MARI: Eu acho que o antigo sempre vai despertar a curiosidade. Tem pessoas que quando viajam, às vezes, compram aquelas penas e tinteiros para poder escrever, algo que não fazemos desde que a caneta foi inventada. Acredito que o passado sempre vai gerar um pouco de curiosidade para quem não viveu ele, como as novas gerações, e também um pouco de nostalgia por quem estava presente quando ele aconteceu.
BLOG: Como vc se tornou uma Product Marketing Manager?
MARI: Na adolescência, algumas das minhas amigas iam fazer a famosa festa dos 15 anos. Eu vi meus pais conversando sobre isso e decidi que eu não queria. Era muito dinheiro para uma noite só e que se eles quisessem eu poderia fazer um intercâmbio. Demorei três meses para convencê-los, mas deu tudo certo e eu tive a oportunidade de morar no Canadá. Fiz um ano de ensino médio (high school) lá e ali mesmo eu decidi que eu queria estudar relações internacionais porque queria representar o Brasil. No entanto, quando eu comecei a faculdade eu vi que não era bem que eu esperava. Ainda na faculdade eu quis trocar de área, mas eu não queria desistir do curso porque eu fazia uma universidade federal. Meus pais não pagavam mensalidade, mas custeavam meu aluguel e comida. Então, eu não queria desistir. Comecei a pegar todas as oportunidades na área de marketing de comunicação que eu conseguiria trabalhar. Entrei numa ONG, fiz vários cursos e me profissionalizei na área de marketing.
BLOG: Em linhas gerais, o que faz um profissional de Product Marketing Manager?
MARI : O Product Marketing Manager (PMM) é responsável por promover e posicionar o produto no mercado, com o objetivo de gerar demanda, aumentar a adoção e impulsionar as vendas. Eles desenvolvem estratégias de marketing para o lançamento de novos produtos e campanhas de marketing contínuas para produtos existentes, incluindo mensagens de posicionamento, segmentação de mercado, criação de conteúdo, estratégias de precificação e atividades de geração de demanda. O PMM colabora de perto com equipes de vendas, desenvolvimento de produtos e marketing para garantir uma compreensão clara do mercado-alvo e desenvolver estratégias eficazes para alcançar e converter clientes em potencial. Existem ainda duas outras extensões: o Product Manager (PM) e o Product Owner.
BLOG: Explique as diferenças entre o Product Manager (PM) e Product Owner.
MARI: O Product Manager (PM) é responsável por liderar o desenvolvimento e o lançamento de um produto, desde a concepção até a entrega ao mercado. Eles têm uma visão estratégica e são responsáveis por definir a direção do produto, identificar oportunidades de mercado, definir requisitos e prioridades, e coordenar as atividades de desenvolvimento com equipes técnicas e de design. O PM trabalha para garantir que o produto atenda às necessidades do cliente, seja viável do ponto de vista técnico e gere valor para a empresa. O Product Owner (PO) é um papel dentro da metodologia ágil, geralmente em equipes Scrum, responsável por representar os interesses do cliente ou do usuário final. Eles trabalham em estreita colaboração com o Product Manager para traduzir a visão do produto em itens de backlog gerenciáveis, definir e priorizar os requisitos do produto, e garantir que a equipe de desenvolvimento esteja focada em entregar valor ao cliente. O PO é responsável por tomar decisões sobre o que será desenvolvido em cada sprint, garantindo que o produto evolua de acordo com as necessidades do mercado e dos usuários. Mas esses dois papéis cuidam do produto e do negócio, organizando a equipe.Na metodologia ágil mais raiz, o PM cuida da equipe e entregas, e o PO do que precisa ser feito dentro do produto em si, gerenciando ferramentas, não equipes.
BLOG: Seus grandes incentivadores no campo profissional foram seus pais?

MARI: Meus pais se separaram quando eu tinha seis anos de idade. Foi complicado, mas acabei assimilando muitas coisas na infância e adolescência. Eu passava o ano todo em Campo Grande e as férias em Belo Horizonte. Apesar da separação, os meus pais sempre me priorizaram. Quando eu era pequena eu pensava que eu tinha “o pior dos dois mundos” porque os meus pais não eram mais casados e eles decidiram ser amigos, mas priorizar meu relacionamento. Eles sempre estiveram ao meu lado e me diziam: “dinheiro a gente não vai te deixar. A herança que a gente pode te dar é a educação`. Eles sempre investiram em escolas boas e priorizaram os meus estudos. Venho de uma família de educadores. Eles acreditam que a educação é capaz de mudar a vida porque foi isso que mudou a vida deles. Ambos vieram de famílias bem pobres e foi a educação, e no caso deles, o concurso público, que transformou a vida da família. Isso me possibilitou que eu nascesse em uma família com uma condição financeira mais estável e de classe média.
Quando meu pai faleceu de Covid há quase três anos, eu lembro que eu me senti totalmente perdida e sem chão. Sem saber o que fazer. Mas depois da dor, vi que ele me preparou para aquele momento. Para o dia em que eu não pudesse mais contar com ele. Então, eu poderia apenas contar com o meu conhecimento, minha educação e força de trabalho para me reinventar pessoal e profissionalmente.
BLOG: Quando e começou o seu interesse em viver em outros países? Conte cada uma de suas experiências no exterior e o que cada uma delas te trouxe.
MARI: Eu sempre tive curiosidade de viajar o mundo e viver fora do país é porque eu assistia muitos programas de viagem. Adorava assistir ao programa National Geographic. Eu sempre tive essa vontade dentro de mim de explorar o mundo, por isso, gosto muito de filmes de documentários. Mas vamos ao relato de minhas experiências internacionais.
CANADÁ: Como mencionei anteriormente, troquei a minha festa de 15 anos por um intercâmbio e foi lá que eu aprendi a falar bem inglês. Fui para uma cidade que não tinha nem 1 mil habitantes e onde o pessoal tinha um sotaque muito diferente. Era como se fosse um gringo vindo para o Brasil e indo viver em Minas Gerais. Eu morei no interior que é um lugar onde ninguém mora. Toda vez que eu conheço um canadense eu falo que eu morei lá e a pessoa me olha chocada, mas isso me ajudou a entender diferentes sotaques em inglês com facilidade. Então não importa se estou falando com um indiano, um escocês ou um australiano. Eu consigo entender todos.
DINAMARCA: Tive a oportunidade de estudar seis meses de graça. A Universidade Federal da Grande Dourados tem várias parcerias com universidades do mundo inteiro e muitas pessoas do meu curso fizeram intercâmbio graças a essas parcerias. Eu lembro que para Dinamarca tinha uma provinha e tinha umas cinco vagas. O Marcos que é um dos meus melhores amigos e eu decidimos aplicar e fomos aceitos. Por sorte fomos alocados no mesmo alojamento com vizinhos. Foi uma experiência incrível. Eu sentia que eu estava vivendo numa sociedade utópica onde tudo funcionava. Extremamente limpo. Cursei uma matéria de criminologia onde eu visitei um presídio semi-aberto e foi muito interessante ver como que eles lidam com essa segunda chance do encarceramento. No Brasil, com certeza, teria muita crítica, mas isso me abriu muito a cabeça para ver como que o sistema pode ser diferente . Lá, eles recebem subsídios para poder estudar. O governo influencia bastante e ajuda muito, algo bem diferente do que acontece no Brasil.
PARAGUAI: Tinha acabado minha faculdade e estava terminando a minha Gestão na ONG que eu fazia parte. Nela, você podia assumir um cargo por no máximo um ano A ideia é que depois trocasse de cargo ou deixasse a organização para que novos líderes fossem formados. Então, eu resolvi me desafiar e aplicar para uma vaga em um outro país. Refleti muito sobre o lugar e como o Mato Grosso do Sul faz fronteira com Paraguai, eu comecei a pesquisar mais sobre o país. Pensei: ao invés de tentar mudar o mundo indo pra Ásia porque eu não tento mudar o mundo aqui do ladinho? E assim fui trabalhar em Assunção por um ano. Eu me apaixonei pelo Paraguai. Sempre que alguém fala alguma coisa eu sou a primeira pessoa a defendê-lo . Além de ser um país onde grande parte das pessoas fala espanhol e guarani. Eles são um país bilíngue.
NORUEGA: Também foi pela mesma ONG que eu trabalhei por muitos anos. Eu estava acabando a minha gestão no Paraguai e decidi que eu queria ficar mais um ano na organização e daí eu precisava mudar de cargo. Na época, a minha vontade era aplicar para Dinamarca onde eu já tinha morado. Só que eu não ia conseguir mandar as coisas a tempo porque as datas não coincidiam. Pesquisei sobre outros locais e gostei muito da aplicação da Noruega e decidi tentar a sorte em outro país. Eles são muito parecidos em termos de cultura com a Dinamarca, mas também têm suas particularidades. Apesar de sempre falarem que os noruegueses são mais frios em termos sentimentais, eu não tive essa experiência. Trabalhei com muitos deles. Uma das minhas melhores amigas é norueguesa, por exemplo. Consegui ver que o norueguês, ao contrário de muitos brasileiros no exterior, se ele gosta de você é seu amigo não só para balada, mas para o que você precisar. Aprendi muito com os noruegueses em questão de assertividade.
INGLATERRA: eu literalmente estava procurando uma oportunidade de emprego. Muitos pediam cidadania europeia, que eu não tinha. Eu nunca tinha tido até então a intenção de morar na Inglaterra. Eu só gostava de países meios “diferentes”. Quando eu morei no Canadá, ele não era super hypado e muita gente achou essa escolha estranha. A Inglaterra pra mim era uma coisa meio que “todos querem”. Eu queria ser diferente, mas acabei vendo uma vaga para trabalhar com marketing e tecnologia na Nokia. Deu certo, eu tive oportunidade de morar na cidade de Cambridge, que fica 45 minutos de Londres e tem uma das melhores universidades do mundo e foi incrível. Mesmo não sendo uma cidade tão grande é muito cultural e acadêmica, então, muitas coisas importantes acontecem por lá.
Cambridge você se locomove praticamente de bicicleta. Foi o ano que eu mais fiz exercício físico, pois além de pedalar eu ainda jogava rugby. Na verdade, eu comecei a jogar rugby ainda em Dourados (MS), quando eu fiz faculdade, também joguei no Paraguai e eu tinha parado quando vivi na Noruega, mas retomei essa atividade na Inglaterra. Esse é um conselho que eu dou para quem migra para outro país: faça uma atividade para se envolver com a cultura local. Eu também fiz muitos amigos na igreja e acredito que essa é a melhor coisa que você pode fazer para aumentar o seu networking e sua rede de amigos.





Recepção dos novos amigos em Paraguai em sua chegada ao país
BLOG: Você trabalhou em quatro idiomas diferentes atendendo diferentes tipos de clientes. O que você destacaria destas experiências?
MARI: Eu destacaria a oportunidade de ter trabalhado numa ONG Internacional: a AIESEC, e na Nokia que é uma multinacional. Além disso, o fato de ter trabalhado em algumas startups tanto locais quanto internacionais. Cada experiência me ensinou uma coisa diferente. Na AIESEC eu era muito jovem, a gente tinha um tempo muito bem determinado e quase nada de dinheiro. Então, a gente precisava ser sempre muito criativo e isso me ensinou a trabalhar com processos.
Graças à AIESEC eu trabalhei no Brasil, Paraguai e na Noruega, e pude entender como cada cliente trabalha nestes países e como cada persona entende o nosso produto. Isso me ensinou a adaptar minha linguagem à rotina deles para que entendessem a nossa mensagem.
Uma coisa muito interessante que me aconteceu quando eu já tinha seis meses na Noruega é que lá não existe a palavra “liderança”. A mais parecida com isso é “gestão”, ou “gerenciamento” e não existe “Líder”. O conceito é o de “chefe”. Então, a gente começou a trabalhar em campanhas. Não usávamos a palavra “liderança” jogada, como “autoexplicativa”, mas explicávamos o conceito, o que era aquilo dentro da organização, etc. E isso aumentou o número de vendas e de pessoas querendo entrar para serem membros.
BLOG : De onde vem essa facilidade com os idiomas? Quando você começou a estudar outras línguas?
MARI : Na minha escola eu fui a última a fazer um curso de inglês. Comecei já adolescente. Meus pais pagaram um curso de inglês porque tinha aquela história de que “ter inglês é sinônimo de ter emprego”. Na escola eles ofereciam inglês e espanhol. Na faculdade eu também decidi estudar uma terceira língua: o francês. Além de ser uma língua muito falada no mundo.
BLOG: Teve alguma situação engraçada ou difícil que você viveu por causa do idioma?
MARI: No Paraguai eu ia pegar um voo de madrugada e para eu não gastar uma fortuna de táxi um amigo meu me deu carona e disse que poderia me deixar no aeroporto mais ou menos por volta da meia-noite. Depois de chegar no local fiquei esperando umas quatro horas sentada naquelas cadeiras duras até dar a hora de fazer o check-in. Para minha surpresa eles me disseram que eu não tinha reserva no meu nome para aquele voo. Eu quase tive um treco. Eu pedi pra olharem de novo e me disseram “Não tem. Não tem nenhuma reserva aqui com o nome ‘CACHO’.”. Eu respirei fundo e falei “procura por ‘PIRES’, por favor”. Aí ele procurou e disse: “você é brasileira. O sobrenome é diferente”. Nós rimos muito, mas na hora que ele falou que não tinha reserva eu com sono e sozinha só queria chorar. Ainda bem que respirei e pensei, pois deu tudo certo depois.
BLOG: Como surgiu o convite para escrever na Euro Dicas?
MARI : Eu estava um dia no Facebook e eu vi que uma colega de curso me marcou no post onde a “Euro Dicas” estava procurando novos redatores que moravam na Inglaterra. Eu cliquei no link sem muita pretensão porque eu sempre gostei de escrever e fazia um tempinho que eu não fazia isso. Apliquei e deu certo. Eu já contribuo com eles há mais de cinco anos e eu vejo esse meu trabalho como algo que eu não só gosto de fazer, pois amo escrever, mas também falar de viagens, de experiências no exterior, é algo muito gratificante e fico muito feliz com a repercussão que alguns artigos têm. Algumas pessoas me abordam nas redes sociais para me passar um feedback e me elogiar. E eu consegui até alguns trabalhos também por causa dos meus artigos, pois algumas pessoas gostaram do conteúdo e me ofereceram freelas.
Na sua área de Product Marketing Manager como você acredita que pode ajudar na transformação da sociedade?
MARI: Eu acredito que incentivando mais mulheres pretas entrarem no mercado de tecnologia que ainda é um segmento predominantemente masculino e grande parte das mulheres que estão neste mercado são mulheres brancas. Sinto também que posso contribuir através do desenvolvimento de estratégias de marketing de produto que faça um sentido para o consumidor que vai realmente facilitar a vida dele no final do dia.
BLOG: Qual o seu maior sonho a nível pessoal e profissional?
MARI: Eu tenho vários sonhos. Os principais eu não compartilho com outras pessoas, só com algumas muito próximas de mim, mas de sonhos públicos eu tenho os o sonho de conhecer todos os países e territórios do mundo. A nível profissional, eu quero poder representar uma empresa muito relevante e também ter uma marca pessoal forte que inspire outras mulheres dentro do mercado.
BLOG: Como você vê a Mari em 10 anos chegando aos 40 anos e no ano de 2034? O que você acha que pode haver de avanço até la e o que você gostaria de ver?
MARI: Olha que se o planeta passar de 2030 eu estou feliz viu? (risos). Eu vejo a Mari de 40 anos ainda com uma alegria de viver. Uma mulher decidida, ambiciosa e com filhos, mas que não se tornou chata. Uma das coisas que eu tinha muito medo de ser quando crescesse era me tornar uma adulta chata. A vida adulta requer seriedade e sobriedade, além de decisões difíceis, mas eu espero que daqui a 10 anos eu ainda consiga olhar o lado bom da vida e viver com leveza.
BLOG: Quem são seus ídolos, inspirações (vale artistas, pensadores, etc…)
MARI: Vai soar meio clichezão, mas eu me inspiro muito em Jesus e em toda lição de paz, amor e benevolência que ele nos deixou. Também me inspiro muito nos meus pais pela trajetória de vida que eles tiveram e na jogadora de futebol Marta, considerada a melhor do mundo por várias vezes. Ela nunca deixou de jogar, de se posicionar e não teve receio de mostrar a chuteira dela sem patrocinadores mesmo sendo a melhor do mundo. Eu acredito que a Marta deixa uma lição muito grande não só de humildade, mas também de garra e de força. A Marta mostra o que nós mulheres brasileiras vivemos no mercado corporativo, onde as pessoas tentam diminuir o nosso valor, tentam diminuir as nossas conquistas por mais que a gente faça 3, 4, 5 vezes mais do que os outros. Ela é um exemplo de esforço, determinação, humildade e elegância. Quero ressaltar também duas cantoras internacionais: a Beyoncé e a Taylor Swift. Ambas se reinventaram várias vezes, lançaram álbuns de diferentes gêneros, todos com uma qualidade musical incrível. São artistas completas que conseguem contar a história delas por meio da música e da arte.
Quem é a Mari nas horas vagas?
MARI: Gosto de assistir filmes e séries, sair para comer, passar um tempo de qualidade com a família e amigos e também de ficar com a minha cachorrinha: a Ártemis Gloriana Villanueva (inspirado na deusa grega e na protagonista de uma série). Uma das coisas que eu mais tenho aprendido a apreciar são justamente as horas vagas para me dedicar às pessoas que estão ao me redor.
Que outros países vc gostaria de conhecer e ter uma experiencia de trabalho?
MARI: Tenho vontade de conhecer todos os territórios do mundo. Eu evitaria só algumas zonas de guerra e de conflito, mas com certeza eu tenho muita vontade de viajar o mundo todo. Com relação a ter uma experiência de trabalho, eu não tenho vontade de trabalhar num regime de trabalho asiático, mas eu gostaria muito de trabalhar remotamente da Ásia. Viver um pouquinho a experiência de estar lá, de ver como que eles se comportam e tudo mais. Porém, não seguindo o regime de trabalho deles.
BLOG : Recentemente você esteve no Chile como turista. Como foi essa viagem?
MARI : Foi incrível. De lá eu continuei trabalhando remotamente, então, eu equilibrei o trabalho e o turismo. Confesso que eu dormi pouco por escolha minha. Eu estava lá e queria muito ver e fazer tudo, mas eu também precisava entregar o meu trabalho. Acabei compensando em poucas horas dormidas. Mas foi uma experiência gastronômica, histórica e cultural maravilhosa, assim como as pessoas que eu conheci. Quando eu fui para o Chile eu até pensei em postar todos os dias um resumo de tudo, mas acabei postando uma foto ou outra, pois durante os passeios eu foquei em estar presente, observando as paisagens, conversando com quem estava ali comigo. Nada acontece por acaso E lá eu tive muitas conversas que me edificaram e que fizeram essa viagem ter sido tão especial para mim. Agora que eu voltei eu comecei a subir um resumo de tudo que aconteceu. A comida não é muito barata, mas os passeios têm um preço muito justo Santiago tem muitas opções de turismo gratuito vale muito a pena e o pessoal que trabalha com turismo também fala português muito bem.











