A dor de quem perdeu tudo, mas busca forças, fé e esperança para recomeçar do zero

Mesmo no meio da dor, família de Ana Gabriela ainda agradece por estarem vivos e com saúde

O desespero somado à dor e angústia de perder tudo que tinham em uma enchente e mesmo assim ter que buscar forças para continuar. Essa tem sido a rotina de milhares e milhares de pessoas nos últimos dias em diversas cidades gaúchas afetadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. São milhares de desabrigados e mais de 100 mortes segundo os últimos números. A assistente administrativa Ana Gabriela Teixeira, de 25 anos, teve que deixar sua casa, às pressas, no último sábado porque a água estava invadindo tudo. Com uma bebê de menos de dois meses no colo, Ana, os pais (de 69 e 66 anos), o namorado, um sobrinho de 12 anos, e o cachorro da família tiveram que fugir para a região central de Guaíba e se abrigar numa igreja local. O Estado contabilizava ontem, 85 mortos e 134 desaparecidos

“A Defesa Civil passou pela manhã de sábado nos avisando que tínhamos que evacuar o local imediatamente. Não tivemos tempo para mais nada. Só consegui pegar algumas peças de roupa para minha filha e saímos correndo com a roupa do corpo. Em menos de 20 minutos nossa casa já estava tomada pela água”, relembra Ana.

Os últimos dias têm sido bastante caóticos, de muita apreensão, preocupação e incertezas, principalmente com relação ao futuro. Mas Ana ressalta que apesar de terem perdido tudo o que tinham levado uma vida toda para juntar, que o mais importante é que toda família está viva e com saúde. “Dói, machuca e é muito triste tudo isso, mas ao menos estamos todos juntos e depois que tudo isso passar vamos tentar ver se ainda dá pra salvar alguma coisa de nossa casa”.

Ontem, ela conta que seu pai tentou ir até a casa deles de barco, mas que foi impossível chegar mais próximo do local. No momento, eles estão abrigados nesta escola e recebendo diferentes tipos de ajuda- maioria doação de moradores locais. “Graças a Deus temos sido ajudados pela população”.

O estado tem sido atingido há mais de uma semana por fortes chuvas, que causaram inundações e bloqueios de rodovias e deixaram moradores ilhados, sem água e sem energia elétrica. Segundo boletim das 18h, da Defesa Civil, 47,6 mil estão em abrigos —mais que o dobro dos 20.070 divulgados seis horas antes. O número de desalojados subiu para 153.824. Já o total de afetados pela chuva chegou a 1.178.226.

O impacto alcança quase todo o estado. Dos 497 municípios gaúchos, 385 sofreram alguma consequência dos temporais, o que corresponde a 78%. Na região metropolitana de Porto Alegre, a água deixou pessoas ilhadas e fechou hospitais em Canoas. (Informações UOL)

Rua da casa onde moravam totalmente tomada pela enchente
Casa de um dos vizinhos tomada pela enchente

Foto do supermercado do bairro onde viviam

A AFLIÇÃO DE FAMILIARES QUE VIVEM NO EXTERIOR E NÃO ESTÃO PERTO PARA AJUDAR

Muitos dos familiares da gaúcha Claudia Teixeira vivem nas regiões que foram atingidas pelo forte temporal nos últimos dias no Rio Grande do Sul. Claudia é a única da família que mora no exterior- vive atualmente em Portugal ao lado do marido e do filho Arthur. “Eu já estava desesperada quando soube na sexta-feira da semana passada que meus padrinhos de 80 anos e minha prima tiveram que ser retirados de casa de barco, e que a casa deles já estava praticamente submersa. E quando soube no sábado que meus pais e minha irmã tiveram que sair às pressas de casa fiquei ainda mais nervosa e preocupada”.

Segundo Claudia, seu pânico maior era saber como estavam- a comunicação estava muito difícil. Ela conta que não sabia para onde eles iriam, se estariam abrigados ou protegidos porque outono geralmente faz mais frio no sul que em outros estados do país. “É horrível estar longe nessas horas. Não saber por onde começar, como ajudar, o que fazer. Ver o bairro que você cresceu, tua família, seus amigos e vizinhos de uma vida toda numa situação como essa. Minha sobrinha ainda não completou dois meses de vida. Sei que ela não entende, mas me preocupo com a minha irmã no puerpério. Com a minha mãe que tem a saúde mais frágil e toma remédios controlados”.

Ela aponta que essa é a parte difícil de imigrar e que são escolhas que fazemos, mas que nunca estamos preparados para estas situações. “É duro saber que não estaremos perto quando os nossos entes queridos mais precisarão da nossa ajuda ou presença, mas nunca imaginamos que o pior um dia pode passar com os nossos”.

A alternativa encontrada por Claudia para ajudar os familiares e amigos que perderam tudo com as enchentes foi criar uma “vaquinha virtual”.

LINK DE AJUDA : https://www.vakinha.com.br/4724152

Jornalista, roteirista, escritor e ator brasileiro com mais de 20 anos de experiência em comunicação.Vivo atualmente em Barcelona onde trabalho como correspondente internacional, mas já morei em outros países, como Portugal, Irlanda, EUA e Itália onde sempre estive envolvido com projetos na área de comunicação- minha grande paixão-.Como roteirista, destaco a coautoria na sinopse e no 1 capítulo da novela "O Sétimo Guardião" (TV Globo/2019), o documentário "Quem somos nós?", sobre exclusão social, e o curta-metragem "As cartas de Sofia".Como repórter, trabalhei em grandes grupos de comunicação no Brasil, como RBS, RAC e RIC. Ganhei o prêmio Yara de Comunicação (categoria impresso) em 2013 com uma reportagem sobre as diferentes famílias e histórias de vida às margens do rio Piracicaba (SP). Fui finalista do prêmio Unimed de Jornalismo/SC com uma reportagem sobre gravidez precoce.

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