Festival de Cinema de Curta-Metragem feito pelo celular de Nova Iorque selecionará 12 brasileiros aspirantes a cineastas e os 3 melhores projetos irão para Cannes em 2025

Imagine o seu projeto autoral gravado pelo seu celular ir parar no prestigiado Festival de Cannes, em 2025? Pois esse sonho pode se tornar realidade. Brasileiros de qualquer lugar do mundo que tenham afinidade e interesse pelo cinema podem se inscrever gratuitamente até o dia 30 de setembro no I Festival Brasileiro de Curta-Metragem feito pelo smartphone, que acontecerá em Nova Iorque de 21 a 28 de outubro deste ano. Serão selecionados 12 participantes e os três melhores projetos serão levados para o “Festival Du Marche”, em Cannes, na França, no próximo ano. O workshop será ministrado pelo cineasta húngaro Karl Bardosh, radicado nos EUA, e com diversos trabalhos importantes no currículo. Para participar você deve enviar um e-mail para “production@thelizaandrewsshow.com“, contando porque você merece ser um dos 12 selecionados.
Durante os três dias de atividades, os alunos terão que criar um filme de três a cinco minutos de duração (em qualquer gênero). Além disso, está sendo estudada a contratação de um outro workshop extra de Escrita Criativa para TV e Cinema, ministrado por um roteirista brasileiro, como complemento ao festival e com o objetivo de auxiliar os alunos na entrega dos seus projetos. Todas as atividades serão gratuitas. O workshop de Bardosh acontecerá nos dias 21, 24 e 28 de outubro, das 15h às 18h no Miditown Mahattan, em Nova Iorque. Qualquer falta em uma das oficinas resultará na eliminação do candidato.
As despesas de locomoção até Nova Iorque, assim como estadia e alimentação são de responsabilidade de cada um dos candidatos. É obrigatório o domínio do inglês para acompanhar as aulas e ter um smartphone. O participante que mais se destacar durante a oficina com Bardosh participará do programa da apresentadora brasileira Liza Andrews na TV a cabo americana com transmissão em todos os países falantes da língua portuguesa. Com diversos trabalhos importantes no currículo, além de ser professor na universidade NYU, em Nova Iorque, o cineasta contou que a idéia de criar cinema com celulares surgiu quando ele fez um filme sobre o cineasta brasileiro Arnon Dantas, que vivia entre Miami e Rio de Janeiro.

EVOLUÇÃO NO CINEMA- Nos primeiros anos do século XX, os filmes eram simples, mudos e em preto e branco, cativando o público com suas narrativas visuais. Com o avanço da tecnologia, o cinema evoluiu para incorporar som, cor e efeitos especiais, proporcionando experiências cada vez mais imersivas, e nos últimos anos, a popularização dos smartphones revolucionou a forma como as histórias são produzidas criando novas formas de direção. Hoje, qualquer pessoa com um celular pode se tornar um cineasta se tiver uma boa ideia na cabeça.
Um dos exemplos mais conhecidos é o do filme “Tangerine” (2015), que foi gravado inteiramente com um iPhone. Dirigido por Sean Baker, ele acompanha a vida de Sin-Dee (Kitana Kiki Rodriguez), uma garota de programa transexual que descobre, após sair da prisão, que o namorado Chester, vivido por James Ransone, está se relacionando com uma outra mulher. Sentindo-se traída, a personagem sai à procura do traidor e de sua amante em busca de vingança.
Além do app que permitiu controlar a abertura da lente, temperatura das cores e granulação da imagem, os três iPhones utilizados no filme contaram com o auxílio de um steadycam (dispositivo que ajuda a dar estabilidade ao operador de câmera e evita as tremidas). Um adaptador anamórfico também foi utilizado para que Tangerine tivesse uma área de filmagem maior. Em entrevista a diferentes meios, Backer apontou que o principal fator que o motivou a gravar o filme em um iPhone foi a redução dos custos.
O filme “Uneasy Lies The Mind (2014)”, de Ricky Fosheim, foi a primeira experiência gravada totalmente de um celular e que acabou influenciando o surgimento de outras narrativas no cinema. Estrelado por Jonas Fisch e Dillon Tucker, ele retrata as memórias em fragmentos de um homem que vê a sua saúde mental desmoronando durante um retiro de casais.
No caso do “Céu é o Limite”, disponível na Netflix, ele mergulha no cenário da NBA que, na produção, está paralisada. O lockout no torneio de basquete põe em xeque a carreira de um dos jogadores mais promissores do agente esportivo Ray Burke. A situação complicada, entretanto, é a deixa para que ele descubra uma fórmula para ajudar o atleta. Este foi o segundo filme de Steven Soderbergh gravado com Iphone— ele já havia produzido “Distúrbio”, que foi feito no mesmo esquema.
Já o documentário “Procurando Sugar Man” retorna aos anos 1990 para contar a história do roqueiro Sixto Rodriguez que desapareceu da cena musical após ter lançado dois discos que não haviam feito tanto sucesso. Alguns boatos diziam até sobre uma suposta morte dele. Vencedor do BAFTA e o Oscar de Melhor Documentário, o longa é reconhecido pela mistura de uma produção informativa sobre a vida do cantor, morto em 2023, e toques de mistério, motivados pelo desaparecimento dele.
Diante de tantos exemplos bem sucedidos usando as novas tecnologias, ao que parece o futuro da dramaturgia tem tudo para ser promissor. A intersecção entre arte e tecnologia não apenas transforma a produção cinematográfica, mas também amplia o acesso à cultura, permitindo que cada vez mais pessoas participem da narrativa global. O Festival de Nova Iorque é apenas um exemplo de como essas mudanças estão moldando novas oportunidades no cinema e na arte contemporânea e inspirando que roteiristas, diretores, produtores e cineastas invistam nas novas mídias.
Fontes: TechTudo e Academia Internacional de Cinema
FILMES GRAVADOS PELO CELULAR




